segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Hemorroida na gravidez: saiba quais os sintomas e como prevenir

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Foto: Getty Images

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Nem todo mundo sabe, mas o número de cesáreas realizadas no Brasil ultrapassa (e muito) a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). O país é, aliás, atualmente, apontado como o líder em cesarianas.

Mais de 52% dos partos realizados são por cesárea. “A situação piora nos partos feitos na rede particular, onde o número de cesarianas atinge níveis assustadores em relação a outros países, podendo chegar a 80% do total de partos”, comenta Darvana Marques Igreja, ginecologista e obstetra da Policlínica Granato.

“No Chile, esse índice é de 34%; nos EUA, de 26% e países como Holanda, 14%. Portanto, o Brasil é o país com maior índice de cesarianas do mundo. E a recomendação OMS é que o número de cesarianas não ultrapasse 15%”, acrescenta Darvana.

Ao avaliar dados como esses, porém, muitas pessoas questionam as diferenças entre o parto normal e a cesariana e querem, sobretudo, entender por que o primeiro é, na maioria dos casos, mais benéfico para a mãe e para o bebê e em quais situações a cesárea é realmente necessária.

Abaixo você confere as principais informações sobre parto normal e cesárea e também conhece quais são os direitos de uma gestante.

Parto normal

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O parto normal é geralmente mais aconselhado pelos médicos, já que os riscos de infecções são menores tanto para a mãe como para o bebê. Além disso, a recuperação da mulher é muito melhor e mais rápida.

É fato que esse tipo de parto oferece muitos benefícios, tanto para mães quanto para bebês, porém, por medo das dores ou até por falta de informações de confiança, muitas mulheres descartam esta opção assim que descobrem que estão grávidas.

Darvana explica que o parto normal é realizado via vaginal. “Nele podem ser feitas episiotomia (corte no períneo para facilitar a saída do bebê), analgesia e indução das contrações com soro contendo ocitocina”, diz.

Para que este tipo de parto aconteça, deve estar tudo bem com a saúde da mãe e do bebê.

“Sempre digo que o parto normal é aquele que acontece apesar do médico. É o parto que acontece com o bebê seguindo a via vaginal e acompanhando o processo natural de nascimento do organismo mais ou menos comum a todos os mamíferos”, destaca Mariane Corbetta da Silveira, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade Santa Brígida.

Leia também: Descolamento de placenta: entenda por que o quadro merece atenção 325808

Mariane explica que, antes, durante e depois do parto, o principal cuidado é com a saúde e bem-estar do binômio mãe/bebê. “Acompanhar a evolução das contrações e os batimentos cardíacos do bebê dão ao médico ou ao obstetra a noção de que o processo evolui dentro da normalidade, no momento exato do parto ou desprendimento do bebê. O importante é garantir a oxigenação da criança e, no pós-parto, a manutenção da atenção aos sinais de saúde do recém-nascido, além do cuidado com a reação do corpo materno (expulsão da placenta, contração do útero, diminuição do sangramento e bem estar geral da mãe)”, diz.

De forma geral, quando a gestante chega ao hospital, alguns procedimentos são realizados, como aferição de temperatura, pressão arterial e frequência cardíaca. O ideal é que a mulher seja informada sobre tudo o que estiver acontecendo, para que, assim, se mantenha mais calma e participe da melhor maneira do nascimento do seu bebê.

O trabalho de parto dura em média de 12 a 14 horas, mas esse tempo tende a diminuir nas gestações seguintes. É feito acompanhamento verificando-se fatores como batimentos cardíacos do feto, pressão arterial, avaliação das contrações, dilatação do colo do útero etc.

A dilatação do colo do útero (que permitirá a passagem do bebê) ocorrerá graças às contrações – que começam geralmente desordenadas e, aos poucos, tornam-se mais regulares, prolongadas e intensas.

A anestesia é aplicada geralmente se as dores forem muito intensas.

De forma geral, quando os intervalos entre as contrações diminuem, o momento do parto está próximo. A dilatação do colo do útero atinge cerca de 10 centímetros.

Com a dilatação completa, o útero fará pressão sobre o bebê – o que, combinado com o esforço da mãe, fará com que ocorra o nascimento da criança.

Caso surja alguma dificuldade na saída do bebê, pode ser realizada a episiotomia – corte cirúrgico feito no períneo (região muscular que fica entre a vagina e o ânus).

O trabalho de parto é finalizado com a saída da placenta que, muitas vezes, ocorre de maneira natural (cerca de 10 a 20 minutos após o nascimento do bebê). Na maioria das vezes não é necessário esforço por parte da mãe, pois a placenta se descola e sai pelo canal do parto.

Vantagens x desvantagens do parto normal

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Mariane explica que a grande vantagem do parto normal é que ele acontece de forma fisiológica e natural.

Leia também: Os diferentes tipos de parto: conheça as características de cada um 325808

Darnava destaca como as principais vantagens do parto normal:

  • Recuperação mais rápida;
  • Menor risco de complicações;
  • Menor risco de infecção puerperal;
  • Menor risco de desconforto respiratória neonatal;
  • Maior facilidade para amamentação.

Como desvantagem do parto normal, a maioria das mulheres pensa na dor. E, de fato, muitas vezes, um parto pode ser doloroso especialmente em situações em que ocorre violência obstétrica: agressões verbais, emocionais e até físicas (na forma de impedir que a mulher tenha liberdade de movimentação).

“Quando não há espaço suficiente para o bebê passar, é necessário que se faça um corte na passagem do canal vaginal (episiotomia)”, acrescenta Darvana, apontando esta como desvantagem do parto normal.

Principais dúvidas sobre o parto normal

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Abaixo, as obstetras esclarecem as principais dúvidas sobre parto normal.

1. Existem técnicas para aliviar as dores e o desconforto no parto normal?

Darvana: Hoje em dia existem técnicas de relaxamento e ambientes hospitalares bem aconchegantes para aliviar as dores do trabalho de parto. Além disso, existem as anestesias (a peridural ou a raquidiana).

2. O parto normal é seguro?

Mariane: O parto normal é seguro numa gestação normal e de baixo risco, principalmente se for feito num ambiente que possa oferecer opção de atendimento e recursos em alguma intercorrência negativa.

3. Quando não é indicado o parto normal?

Darvana: O parto normal não é indicado quando existe risco para mãe ou para o bebê, como, por exemplo, nas doenças como hipertensão arterial grave e suas complicações, na diabetes gestacional com fetos macrossômicos (bebês com mais de 4 kg), placenta prévia total, algumas posições fetais anômalas que contraindiquem o parto vaginal, descolamento de placenta.

Leia também: Parto normal ou Cesariana: conheça as diferenças e tire suas dúvidas 325808

Cesárea

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Darvana destaca que a cesariana é feita por via transabdominal. “É um parto cirúrgico. É feita uma anestesia, geralmente a raquidiana. Após a anestesia, o médico corta várias camadas (pele, subcutâneo, aponeurose, músculos) até chegar no útero, de onde o bebê é retirado. Depois há a dequitação (retirada da placenta). E depois a sutura de cada plano aberto”, explica.

Geralmente, recomenda-se que a mulher não coma nada cinco horas antes do parto. Mas essa e demais informações exatas quem deverá passar é o obstetra. É importante perguntar também, com antecedência, sobre beber água ou outros líquidos.

No hospital, a gestante coloca um avental hospitalar, e os pelos da região onde é feito o corte da cesárea são raspados. Ela deve ainda tirar brincos, pulseiras, anéis e piercings (se for o caso).

De forma geral, quando termina a cesárea, a mulher é levada para uma sala de recuperação, enquanto o bebê vai para o berçário (onde será identificado e colocado em uma incubadora ou berço aquecido). Depois, uma enfermeira deverá levar o bebê até a mãe para que ela possa amamentá-lo.

Mariane explica que, antes, durante e depois da cesárea, todos os cuidados são inerentes à saúde e bem-estar do binômio mãe/bebê. “Além disso, a cesárea requer ambiente cirúrgico hospitalar próprio com equipe preparada. Há a necessidade do anestesista e do cirurgião e de um auxiliar, e todos os cuidados e aparatos requeridos em uma cirurgia”, diz. “Como o bebê vai ser retirado de forma rápida, deve-se estar pronto para o atendimento imediato dele, principalmente se a indicação da cesárea foi o sofrimento do bebê”, acrescenta.

Embora seja muito utilizada atualmente no Brasil, a cesárea é uma tecnologia criada originalmente para ser usada somente quando existir risco de vida para o bebê ou para a mãe. Por isso, de acordo com recomendações da OMS, a taxa ideal de cesarianas deve ficar em torno de 7 a 10%, não ultrapassando 15%.

Vantagens x desvantagens da cesárea

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Mariane explica que, quando bem indicada, as vantagens da cesárea são inúmeras. “Pode significar literalmente a salvação da vida do bebê e, em algumas situações, até da mãe. Mas, geralmente o que se pensa como vantagem é que ela acontece de forma rápida”, diz.

Como vantagens da cesárea, a obstetra Darvana destaca:

  • Não há dor durante o parto;
  • O bebê pode ser retirado com rapidez, com dia e hora marcados;
  • É alternativa segura quando o parto normal oferece riscos à saúde da mãe e do bebê.

Já as desvantagens da cesárea, de acordo com Darvana, são:

  • Maior risco de infecções;
  • Pós-operatório lento e doloroso;
  • Complicações de cicatrização;
  • Recém-nascido pode ter problemas respiratórios;
  • Influência negativa na amamentação.

Mariane acrescenta que, se a cesárea foi bem indicada, as principais desvantagens são ligadas ao fato de ser um evento cirúrgico, com todos os riscos e cuidados que exigem uma cirurgia. “Quando a cesárea é feita por motivos não médicos, ou seja, por escolha deliberada do médico, ou da mãe, uma das desvantagens (muito séria ao meu ver) é que não se tem como ter certeza de que o bebê está mesmo pronto para sair”, destaca.

Principais dúvidas sobre cesárea

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Abaixo você confere as respostas para duas dúvidas comuns sobre a cesariana:

1. Quando é indicada a cesárea?

Mariane: Existem indicações absolutas e relativas, motivadas pelo bebê e pela mãe. A mais importante é a apresentação do Sofrimento Fetal, ou seja, o bebê apresenta sinais de que está correndo risco em ficar intraútero mais tempo.

2. Existem riscos na cesárea?

Mariane: Sim, como em todo e qualquer procedimento cirúrgico. Ou como tudo na vida (“Viver é muito perigoso”, Guimarães Rosa).

O que significa parto humanizado

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Nem todo mundo sabe, mas parto humanizado não é um tipo de parto, mas, sim, um conceito que gira em torno da restituição do protagonismo da mulher (no pré, durante e no pós-parto). Humanizar o parto significa, sobretudo, lembrar que o parto é um processo fisiológico e não algo que sempre necessite de intervenções.

Mariane ressalta que parto humanizado é o nome dado hoje ao parto que acontece da forma mais natural possível, “com o mínimo de intervenção médica/cirúrgica e com todo um conjunto de circunstâncias e atitudes que amparam de forma humana e acolhedora a mãe, o bebê e a família”.

Outro ponto fundamental é que, no parto humanizado, o profissional responsável trabalha em parceria com a mulher e respeita as escolhas e vontades dela dentro do possível; orienta suas decisões e não simplesmente “impõe protocolos”.

A ideia é que o parto seja feito da forma mais natural possível, sem ou com o mínimo de intervenções, para que, desta forma, a mulher se sinta parte do processo.

Parto domiciliar

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Darvana explica que parto domiciliar é aquele realizado fora do ambiente hospitalar. “Nele, mulheres em gravidez de baixo risco, dão à luz em casa”, diz.

Para algumas mulheres, o parto em casa acaba sendo uma boa opção, pois o lar proporciona segurança, privacidade e conforto, possibilitando uma vivência mais intensa, familiar, neste momento especial que é o nascimento de um filho.

Porém, vale ressaltar, o parto domiciliar é indicado para gestantes sem riscos de complicações, como diabetes, hipertensão etc.

“Quando optam pelo parto domiciliar, a gestante e o parceiro têm que procurar por profissionais que ofereçam esse tipo de serviço, ou seja, um médico obstetra ou enfermeiro obstetra. É preciso ainda que a gravidez seja de baixo risco”, ressalta Darvana.

É fundamental escolher profissionais altamente capacitados, pois, caso contrário, diante alguma complicação e da ausência de uma estrutura hospitalar para socorro imediato, a mãe e o bebê podem correr sérios riscos.

Mariane destaca que o parto domiciliar exige todos os cuidados que se deve ter num parto normal e mais uma atenção muito grande a qualquer sinal de que o processo não está caminhando normalmente. “Há que ter uma atenção muito grande com o bebê, seus batimentos cardíacos, e há que se ter certeza de que é uma gestação de baixo risco”, acrescenta.

Nos vídeos abaixo você confere exemplos de parto domiciliar. Vale ressaltar que eles mostram momentos íntimos da mulher e da família.

Nascimento da Helena

Nascimento do Mateus

Nascimento do Lucas

4 recomendações para mamães de primeira viagem

É normal que a futura mãe, especialmente aquela que terá seu primeiro filho, tenha dúvidas quanto à gestação, ao momento do parto etc., e até se sinta um pouco insegura nesta fase importante de sua vida.

Pensando nisso, abaixo, Darvana dá algumas dicas às mamães de primeira viagem:

  1. Ter um médico obstetra que você confie é o mais importante.
  2. Tire todas suas dúvidas com seu médico, converse sobre exames, sobre o parto, pergunte tudo o que quiser saber.
  3. Outra dica valiosa é: exercite-se! Além de manter a forma e a saúde em dia, os exercícios físicos vão ajudar seu corpo a se preparar para o parto.
  4. Organize-se: não deixe tudo para última hora. Deixar tudo preparado para receber o bebê te ajuda a relaxar nas últimas semanas.

Mariane destaca que é importante que a mulher, desde o começo da gestação, se cuide bastante, seja em sua alimentação, seja em cuidados gerais com sua saúde e bem-estar.

Além dessas orientações, pode ser interessante contratar uma doula, que é a profissional que, de forma geral, oferece apoio físico e emocional e informações à gestante, tanto no momento do parto, quanto antes e depois dele.

Direitos da gestante

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Denise Auad, professora da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo e advogada especialista em Direito Constitucional, explica que o SUS (Sistema Único e Saúde) deve proporcionar à mulher atendimento integral à sua saúde, bem como a do bebê “desde o pré-natal, incluindo o parto, com a valorização do parto normal, mas garantindo a cesárea no caso de o parto normal ser arriscado e prejudicial à saúde da mãe e do bebê, bem como o pós-parto”.

“A mulher tem direito a consultas, internação e ao acompanhamento por médico habilitado”, acrescenta a advogada.

No caso dos planos de saúde, explica Denise, os direitos da gestante são os mesmos. “Mas vale observar que os planos de saúde exigem um tempo de carência para cobrir os custos do parto”, diz.

Na rede privada, destaca Denise, os direitos ainda são os mesmos. “Mas é fato que a rede privada proporciona maior conforto à mulher”, diz.

Violência obstétrica: você sabe o que é isso?

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Infelizmente, muita gente ainda não tem consciência do que caracteriza a chamada violência obstétrica.

Segundo declaração publicada pela OMS, a definição de violência obstétrica passa pelo “abuso de medicalização e patologização dos processos naturais do trabalho de parto, que causem a perda de autonomia e da capacidade das mulheres de decidirem livremente sobre seus corpos e sexualidade”.

“Pode-se ampliar essa ideia para todo e qualquer ato ou discurso, durante a gestação, antes e depois do parto, que induzam a paciente de maneira arbitrária e não verdadeira a fazer opções contra a sua vontade quanto ao tipo de atendimento que possa ter/receber”, acrescenta Mariane.

A obstetra destaca que a mulher que se sente vítima desse tipo de violência deve procurar outra pessoa ou local para receber seu atendimento, onde, ao contrário, ela se sinta acolhida e respeitada. “Deve confiar no seu ‘feeling’ e não concordar com a ação. Em caso de instituições como postos de saúde e hospitais públicos, deve procurar as autoridades superiores e órgãos de defesa de direito de consumidor e civis”, diz.

A advogada Denise explica que violência obstétrica significa o desrespeito à mulher, como, por exemplo:

  • Críticas à sua gestação;
  • Perguntas indiscretas sobre o motivo e como engravidou;
  • Temor psicológico no momento do parto.
  • Também ocorre quando o médico obriga a mulher a optar pela cesárea quando clinicamente há a possibilidade de realização de parto normal.

“Nesses casos, a mulher pode obter, pela via judicial, reparação por danos morais e patrimoniais, além de poder fazer um boletim de ocorrência para que o caso seja punido criminalmente”, destaca a advogada Denise.

Agora você já conhece as principais diferenças entre parto normal e cesárea, mas, em caso de dúvidas, lembre-se: deverá sempre conversar com um profissional de sua confiança. Também já sabe quais são os direitos de uma gestante… Afinal, a gravidez é um momento mágico e muito importante na vida de uma mulher e de sua família e deve ser vivido/respeitado como tal.

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